Andrew Cuomo durante entrevista coletiva, em 22 de fevereiro de 2021 — Foto: Seth Wenig/Reuters
Duas ex-funcionárias e uma mulher que Cuomo conheceu em uma festa de casamento afirmaram que o governador Andrew Cuomo as assediou.
Anna Ruch, 33, disse ao “The New York Times” que Cuomo foi apresentado a ela e, logo em seguida, colocou uma mão na parte inferior das costas dela (o vestido tinha uma abertura na parte de trás). Ela tirou as mãos do governador, que disse que ela era agressiva. Ele, então, perguntou se poderia beijá-la.
“Fiquei muito confusa, chocada e envergonhada”, disse Ruch ao jornal. Desorientada, ela não se lembrava se Cuomo a beijou –ela teve que perguntar a uma amiga que estava ao lado, que confirmou que ele tinha dado um beijo em sua bochecha.
O depoimento complica ainda mais a situação do governador de 63 anos, que recebeu críticas inclusive de seu próprio partido. No começo da pandemia de Covid-19, ele era visto como uma estrela em ascensão no Partido Democrata.
Cuomo afirmou no domingo que “lamenta sinceramente” que sua conduta tenha sido “mal interpretada como um flerte indesejado”.
Outras denúncias
As outras acusadoras são Charlotte Bennett, uma ex-assessora de Cuomo que disse que foi assediada sexualmente no ano passado, e Lindsey Boylan, uma ex-conselheira que descreveu ter tido um contato físico indesejado com governador.
Bennett, de 25 anos, revelou ao “The New York Times” que Cuomo a havia assediado sexualmente no ano passado.
Em uma conversa, o governador fez perguntas sobre questões pessoais, e quis saber se ela já havia dormido com homens mais velhos, se ela era monogâmica e se, para ela, idade é algo importante em uma relação. Cuomo tem 63 anos.
“Entendi que o governador queria dormir comigo e me senti terrivelmente desconfortável e com medo”, afirmou Bennett.
Boylan, 36, disse em um blog que Cuomo a assediou quando ela trabalhou para seu governo de 2015 a 2018.
Ela afirmou que Cuomo a beijou sem consentimento nos lábios, sugeriu que ela jogasse “strip poker” e “tocou minha parte inferior das costas, braços e pernas”.
O governador negou ter se envolvido em qualquer conduta ou proposta inadequada, mas admitiu, no domingo, que sua conduta fosse investigada.
Investigação aberta
Na segunda-feira, o governador de Nova York autorizou formalmente que ele próprio seja investigado pelas acusações de assédio sexual feitas pelas duas ex-funcionárias.
A procuradora-geral do estado, Letitia James, afirmou que o gabinete de Cuomo concedeu autorização por escrito para conduzir uma investigação independente das alegações.
“Essa é uma responsabilidade que não levamos de forma leviana, já que as alegações de assédio sexual devem sempre ser levadas a sério”, ressaltou James em um comunicado.
A carta de James indica que os resultados da investigação serão “revelados em um comunicado público”.
Críticas no Partido Democrata
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fez críticas ao pedido de desculpas de Cuomo.
“Isso não é um pedido de desculpas. Parece que ele está dizendo: ‘Eu estava brincando’. O assédio sexual não é engraçado. É sério”, criticou De Blasio, rival de longa data de Cuomo.
Kathleen Rice, deputada do Partido Democrata por uma região de Nova York, pediu para que Cuomo renuncie ao cargo.
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