Os viajantes israelenses exibem as pulseiras eletrônicas de monitoramento que devem usar após retornarem do exterior, no aeroporto Ben-Gurion, perto de Tel Aviv, Israel, na segunda-feira (1º) — Foto: AP Photo/Sebastian Scheiner

Desde 25 de janeiro, só voos de carga e de emergência puderam desembarcar nos dois únicos aeroportos internacionais de Israel: o principal e maior, o Ben Gurion, perto de Tel Aviv, e o Ilan Ramon, no extremo Sul, que é bem pequeno.

O fechamento do espaço aéreo aconteceu para evitar a entrada das novas e mais virulentas variantes do coronavírus no país, como a britânica, a sul-africana, a brasileira e a de Nova York. Israel, na época, estava no auge de seu terceiro lockdown desde o começo da pandemia, e em meio a um aumento de casos de Covid-19.

O resultado é que dezenas de milhares de israelenses não puderam voltar para casa. Só podia desembarcar quem conseguisse uma permissão especial de uma comissão governamental. Agora, o espaço aéreo volta a ser aberto, mesmo que ainda parcialmente e só para cidadãos. Os primeiros voos virão de Nova York, Paris, Frankfurt e Kiev.

Medida conseguiu conter a Covid-19

O fechamento aconteceu como parte de um conjunto de medidas que diminuiu a incidência de Covid-19 em Israel, nos últimos dois meses e meio. Primeiro, o país começou sua campanha de vacinação em 20 de dezembro e, desde então, 80% dos moradores com mais de 16 anos já se imunizaram com pelo menos uma dose da vacina da Pfizer/BioNTech ou já se recuperaram do vírus. Fora isso, o governo decretou um lockdown de cinco semanas.

O fechamento dos aeroportos até demorou, o que levou a muitas críticas às autoridade, já que a variante britânica já havia entrado no país. Mas, desde o fechamento do espaço aéreo, não há registros de outras variantes no país, só alguns casos da sul-africana.

Autoridades de saúde não escondem que gostariam de manter os aeroportos fechados exatamente para ganhar tempo e conseguir que mais pessoas recebam a segunda dose antes da chegada das variantes, algo que é dado como certo.

Mas foram voto vencido no Gabinete do Coronavírus, para o qual não era mais possível juridicamente proibir cidadãos de voltarem a seu próprio país. Até porque há eleições gerais marcadas para o próximo 23 de março. E como, pela lei israelense, não se pode votar no exterior, é ilegal proibir cidadãos de participar do pleito.

Procedimento para entrar em Israel

Diante do perigo da entrada das variantes com a abertura dos aeroportos, as autoridades estão tomando precauções. Todos os repatriados precisarão se submeter a dois exames de coronavírus: um antes de embarcar e outro na chegada. E, ao desembarcar, todos terão que fazer quarentena. Eles podem optar por se isolar em um hotel gratuito ou em casa.

Quem optar pela segunda opção, receberá uma pulseira eletrônica com GPS para monitorar seus movimentos. Mais de 600 policiais serão designados para fazer cumprir a quarentena obrigatória.

Esses “sortudos”– cerca de 40% da população – também já podem frequentar academias de ginástica, shows e teatros. Quem ainda não tem o passe, no entanto, já pode pelo menos ir a shoppings, que reabriram. As escolas também foram reabertas recentemente.

Aumento de contaminações

Apesar de todas essas medidas e precauções, a epidemia ainda persiste em Israel. O número de infectados tem começado a aumentar novamente, apesar da esperança de que, até março, Israel alcançasse algo parecido com uma “imunidade de rebanho”.

Mas isso não aconteceu. Há dois motivos: o primeiro é o fato de que 25% da população do país é formada por crianças de até 16 anos, que ainda não podem ser vacinadas por falta de provas de que a imunização é segura em menores.

O segundo motivo são as variantes. Como o aeroporto fechou depois que a mutação britânica já havia chegado ao país, muitas pessoas que ainda não tinham sido vacinadas ou só haviam recebido uma dose de imunizante foram infectadas. Principalmente gente mais jovem, com menos de 40 anos, e até muitas crianças.

Mas a boa notícia é que o número de mortos ou doentes em estado grave não aumentou proporcionalmente, provando a eficácia das vacinas para evitar casos severos e óbitos.

Mesmo assim, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que pode declarar um novo lockdown se o índice de contaminações, a chamada taxa R, superar o número 1. O ideal é que a R fique abaixo de 1, diminuindo a propagação do vírus. Como ela já está em 0,97, é possível que um novo lockdown aconteça antes das eleições.

Politibola com informações da RFI