O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez duro discurso no Plenário da Casa, nesta quarta-feira (24), após se reunir com os presidentes dos três poderes da União e alguns governadores, pela manhã, e com os líderes partidários, à tarde. Lira manifestou solidariedade às famílias dos mais de 300 mil mortos pela Covid-19 no Brasil, e anunciou um esforço concentrado da Câmara para votar, nas próximas duas semanas, apenas propostas que ajudem a “salvar vidas e a acelerar o processo de vacinação”.
“Dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco, nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário. Dentre todos os remédios políticos possíveis que esta Casa pode aplicar num momento de enorme angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas. Falo de adotarmos uma espécie de esforço concentrado para a pandemia”.
Uma das propostas (PL 1010/21) foi aprovada na própria sessão de quarta-feira para incentivar que empresas privadas contratem leitos clínicos e de UTI na rede privada em favor do Sistema Único de Saúde. Ao mesmo tempo, Lira foi enfático ao cobrar responsabilidades de todas as autoridades envolvidas no combate à pandemia. Segundo ele, o “sinal amarelo” vale para todos os níveis de governo e entes da federação.
“Quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário. Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis continuarem a ser praticados. E eu aqui não estou fulanizando. Dirijo-me a todos que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia”.
O presidente da Câmara também passou recados diante das pressões políticas e ideológicas. Segundo ele, é preciso esgotar todas as possibilidades antes de partir para as responsabilizações individuais.
“Não é hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares devem ser evitados. Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também – e sobretudo – daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido”.
Arthur Lira ainda manifestou esperança de mudança definitiva de postura do governo federal quanto ao enfrentamento da pandemia.
“Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizastes do planeta. Para vacinar temos de ter uma percepção correta de nossos parceiros americanos e nossos esforços na área do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocução. Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente é inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram”.
O presidente Câmara defendeu “convergência, conciliação e menos embate político” no combate à pandemia. O discurso de Arthur Lira foi elogiado por deputados de vários partidos. O líder do PT, deputado Bohn Gass (PT-RS), pediu para que o esforço concentrado se estenda às comissões temáticas e sugeriu a criação de um comitê de enfrentamento à pandemia na Câmara.
“Nós precisamos nos juntar aqui com os governadores, por exemplo, do Nordeste, que foram para a Rússia e a China comprar vacinas que não tinham sido efetivadas pelo governo federal. Então, devemos ter, nesta Casa e sob a sua presidência, um comitê”.
O líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ressaltou a oportunidade de “convergência”.
“O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso à nação em tom conciliador. Espero que esse clima de união no combate à Covid permaneça por longo tempo até que possamos dar conta de encerrar a pandemia”.
As propostas que serão tratadas durante o esforço concentrado contra a pandemia ainda dependem da indicação dos líderes partidários.
Com informações da Rádio Câmara