O principal ponto positivo da gestão Bolsonaro, na visão do acionista majoritário da Via Varejo, é “a conduta que ele está tomando para manter o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho”.
O empresário, porém, diz que não retiraria Roberto Castello Branco do comando da Petrobrás, dado que o economista vinha apresentando bons resultados. “Quem dá lucro, a gente quer manter.” Castello Branco será substituído pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, presidente de Itaipu.
A seguir, confira trechos da entrevista.
Na sua última entrevista ao ‘Estadão’, em agosto de 2019, o sr. avaliou o governo como bom. Mantém essa avaliação?
Mantenho. Acho que o presidente está fazendo um bom trabalho. Está sendo bem autoritário, bem decisivo. Se alguém perguntar em termos de avaliação, eu manteria ele. Vamos dizer, renovaria por mais quatro anos.
Como vê a questão de mexer na Petrobrás? Não foi uma decisão bem recebida pelo mercado.
Vou dizer o que eu li. O que ele está fazendo é substituindo um imposto. Está retirando um imposto de gás de cozinha e de diesel e vai cobrar em alguma outra coisa, porque, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o desconto que der em um imposto tem de ser coberto por um novo imposto.
Eu me referia também à troca do presidente da Petrobrás.
Se tem um executivo que deixou resultado e mostrou para o País que tem condições de administrar uma Petrobrás, acho que tem de manter a pessoa. Eu manteria. Quem dá lucro, a gente quer manter.
Mas quais pontos do governo Bolsonaro o sr. avalia como positivos?
O que a gente avalia é a conduta que ele está tomando para manter o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho. Acho que, na parte financeira, (o governo) vai ter condições de apresentar um bom trabalho. O que importa é ser um bom gestor.
Na condução do combate à pandemia, o sr. também faz essa avaliação?
Eu não sou técnico em medicina, mas temos de confiar que eles estão fazendo o melhor trabalho possível. Essa é a minha percepção, de que está sendo feito o que é possível. O Brasil – até pela (experiência na área de) aviação a gente percebe – é um País muito difícil: rotas muito distantes, sair para vacinar no interior do Amazonas, ir para Mato Grosso, precisa ter uma logística muito boa e uma boa vontade de vacinar todo o pessoal. Eu logo, logo, acredito, mais uns dois meses, vou estar na fila da vacinação.
O sr. não responsabiliza o governo pelo aumento de mortes da covid?
Eu não sou técnico para poder avaliar. A gente está vendo os Estados Unidos, que têm toda a tecnologia que existe no mundo, eles estavam com quase o dobro de mortes que aqui. É um país que tem tecnologia e logística melhores, facilidade. Eles têm condição de fazer melhor do que a gente. Espero que a gente consiga correr atrás e vacinar o quanto antes a maior parte da população para não termos um boom novamente de muitas mortes no País. Mas não posso responsabilizar ninguém por isso (pelas mortes). Desculpe a franqueza.
Com informações do Estadão