Last updated on março 19th, 2021 at 08:02 pm
Vários críticos proeminentes do Kremlin foram libertados da custódia policial este sábado (13.03), na sequência de uma incursão sem precedentes numa conferência política.
As autoridades disseram que “uma parte significativa dos participantes não usava meios de proteção [anti-vírus]”.
Ligações à “Open Russia”?
A polícia de Moscovo disse também que alguns dos participantes eram “membros de [uma] organização cujas atividades foram declaradas indesejáveis” em território russo.
A designação “indesejável” deriva de uma lei controversa que visa organizações estrangeiras na Rússia. Grupos que se enquadram nessa categoria estão impedidos de emitir publicações na Rússia. As pessoas que cooperam com tais organizações correm o risco de serem multadas e condenadas a penas de prisão.
Embora a polícia não tenha especificado a organização em questão, parecia muito provável que se referissem à organização da oposição “Open Russia” (ou Rússia Aberta, na tradução literal para o português), apoiada pelo magnata da energia exilado Mikhail Khodorkovsky. Vários dos membros do grupo estiveram presentes na reunião.
O que dizem os líderes da oposição?
O ativista da oposição Vladimir Kara-Murza falou aos repórteres após a sua libertação, dizendo que seria de se esperar que os participantes comparecessem em tribunal numa data posterior.
“Penso que Franz Kafka teria simplesmente inveja do sistema judicial russo de hoje, não teria a imaginação”, disse.
O crítico do Kremlin Ilya Yashin, um assistente do líder da oposição preso Alexei Navalny e líder de um dos distritos municipais de Moscovo, publicou um vídeo da sua prisão.
“O governo acredita obviamente que está a demonstrar força. Na realidade, todos estes polícias a correr por aí – parece apenas lamentável e feio”, escreveu ele no Twitter.
Num post separado no Facebook, Yashin observou também que “ninguém nos prometeu liberdade numa bandeja de prata”.
Mais tarde, ele confirmou a sua própria libertação.
Partido pró-Putin em baixa
A Rússia prevê realizar uma eleição parlamentar neste outono.
O partido do Presidente Vladimir Putin, United Russia, detém atualmente 335 dos 450 lugares na assembleia, mas sondagens recentes mostram que apenas 27% dos eleitores estão a planear apoiar o partido pró-Putin no escrutínio, de acordo com a respeitável organização de sondagens Levada-Center.
Com informações da DPA, AFP