Nesta primeira fase, ainda incipiente para a população de 30 milhões, são também imunizados policiais e militares que integram o aparato de segurança nas ruas e representam um dos pilares de sustentação do governo.

A definição de quem é prioridade na Venezuela não causa surpresa, apenas indignação. O regime parece repetir a estratégia já conhecida pelos venezuelanos, tendo em vista as eleições para governadores e prefeitos, previstas este ano: as vacinas servem também como instrumento de coerção.

Críticos e opositores se apressaram em denunciar a politização da vacinação, beneficiando quem demonstra lealdade ao regime que há duas décadas está no comando da Venezuela. O próprio Maduro deixou claro, no início do mês, que os militantes de seu partido seriam priorizados na primeira etapa do plano de imunização.

Venezuela começa campanha de vacinação contra a Covid-19
Venezuela começa campanha de vacinação contra a Covid-19

Os idosos claramente ficaram para trás no plano de imunização de Maduro. Aos 48 anos, o deputado Alfonso Campos Jessurun exibiu orgulhoso nas redes sociais o certificado da primeira dose Sputnik V. Pouco tempo depois, achou por bem apagar o post. Secretário do partido El Cambio, ele é um dos 20 deputados considerados “opositores”, no Parlamento de maioria chavista, já que a grande parte dos detratores de Maduro boicotou as eleições de dezembro.

Como observou a ex-deputada Dinorah Figuera, do partido Primero Justicia, pelas mesmas razões, autoridades de outros países tiveram que renunciar e foram submetidos a investigações. Ela referia-se aos ministros da Saúde do Peru e da Argentina, defenestrados quando veio à tona que políticos e altos funcionários furaram a fila da vacina. Dificilmente, contudo, este cenário se repetirá na Venezuela.

Politibola com informações do G1