Vacinação de profissionais da saúde em hospital de Caracas, Venezuela, em foto de 22 de fevereiro de 2021 — Foto: Leonardo Fernandez/Reuters/Arquivo
Primeira etapa do plano, com apenas cem mil doses da Sputnik V, beneficia quem é leal ao regime de Nicolás Maduro.
Nesta primeira fase, ainda incipiente para a população de 30 milhões, são também imunizados policiais e militares que integram o aparato de segurança nas ruas e representam um dos pilares de sustentação do governo.
A definição de quem é prioridade na Venezuela não causa surpresa, apenas indignação. O regime parece repetir a estratégia já conhecida pelos venezuelanos, tendo em vista as eleições para governadores e prefeitos, previstas este ano: as vacinas servem também como instrumento de coerção.
Críticos e opositores se apressaram em denunciar a politização da vacinação, beneficiando quem demonstra lealdade ao regime que há duas décadas está no comando da Venezuela. O próprio Maduro deixou claro, no início do mês, que os militantes de seu partido seriam priorizados na primeira etapa do plano de imunização.
Os idosos claramente ficaram para trás no plano de imunização de Maduro. Aos 48 anos, o deputado Alfonso Campos Jessurun exibiu orgulhoso nas redes sociais o certificado da primeira dose Sputnik V. Pouco tempo depois, achou por bem apagar o post. Secretário do partido El Cambio, ele é um dos 20 deputados considerados “opositores”, no Parlamento de maioria chavista, já que a grande parte dos detratores de Maduro boicotou as eleições de dezembro.
Como observou a ex-deputada Dinorah Figuera, do partido Primero Justicia, pelas mesmas razões, autoridades de outros países tiveram que renunciar e foram submetidos a investigações. Ela referia-se aos ministros da Saúde do Peru e da Argentina, defenestrados quando veio à tona que políticos e altos funcionários furaram a fila da vacina. Dificilmente, contudo, este cenário se repetirá na Venezuela.
Politibola com informações do G1