Foto: Divulgação / Câmara dos Deputados

Presidente aposta na vitória do líder do Centrão, Arthur Lira, para colocar em votação todos os projetos do governo

Bolsonaro acusa Maia de ter impedido o avanço da maior parte de seus projetos desde janeiro de 2019, quando começou o governo.

O presidente faz campanha abertamente a Lira, seu aliado no Congresso. Na quarta-feira (27), fez reunião com o PSL para garantir votos ao deputado. Na ocasião, afirmou que a eleição do deputado pode garantir “um relacionamento pacífico e produtivo” com a Câmara.

Na sexta-feira (29), exonerou dois de seus ministros, Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Tereza Cristina (Agricultura), apenas para que eles votem no líder do Centrão. Logo depois, retomam suas pastas.

A vitória de Baleia Rossi é, para o Executivo, a manutenção das dificuldades do Planalto para colocar em votação temas que Maia simplesmente ignorava.

O parlamentar do Rio sempre disse que pautas que buscavam impor costumes à sociedade (um exemplo é o Escola sem Partido, inerte na Câmara desde 2019), aumento de impostos (nova CPMF, ele descartou abertamente) ou flexibilização dos armamentos não seriam levadas para discussão. E, com uma outra exceção, foi isso o que ocorreu.

Em todos os outros assuntos, no entanto, o democrata diz que o governo federal é confuso, não sabe o que quer e quase nunca tem projetos. Lançou Rossi, atual presidente do MDB, por entender que o deputado vai continuar brigando pela autonomia da Câmara.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na terça-feira (26) que Maia se sentou em cima das reformas no segundo semestre de 2020 e não as deixou avançar. Curioso é que o parlamentar, em outras ocasiões, recebeu elogios do economista, que o considerava um “reformista” no Parlamento brasileiro.

A independência do Legislativo, pelo menos é o que o governo espera, ficará mais distante com Lira na presidência. O parlamentar do Centrão foi o responsável não só por apoiar a Reforma da Previdência, em 2019 (ao lado de Maia, vejam só), como partiu dele a ideia de aproximação com Bolsonaro em 2020, em troca, claro, de compensações com cargos e de ajuda em sugestões dos partidos do bloco.

Impeachment

A palavra impeachment foi falada durante toda a campanha de Lira e Rossi e deverá voltar à tona após a posse da nova Mesa Diretora, principalmente se o emedebista for o vencedor.

Baleia Rossi, ao comentar o tema, acabou se enrolando e colocando em risco o apoio do PT, com seus 52 parlamentares. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início do ano, afirmou que, politicamente, não era o momento para pensar em impeachment.

Horas depois da publicação da entrevista, Gleisi Hoffman, presidente do PT, disse que Rossi perderia muitos votos do partido. Ele tentou se retratar, declarou que analisaria todos os pedidos contra Bolsonaro, mas o deslize já estava feito.

Na divisão dos votos, Lira tem mais parlamentares que, teoricamente, optarão por ele. Entre as principais conquistas de sua campanha estão os apoios do PSD, do PSL, que mudou de lado dias antes da eleição, e um racha no partido de Maia, o DEM.

Além dos dois principais concorrentes, disputam a eleição na Câmara mais sete deputados: Luiza Erundina, do PSOL paulista, Marcel Van Hattem (Novo-RS), Fábio Ramalho, também do MDB, de Minas Gerais, Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto Rosa (PL-SP) e Roberto Sebastião Peternelli Junior (PSL-SP).

Politibola com informaçõs do Portal R7