Pessoas na ponte Simon Bolivar entre a fronteira da Venezuela e da Colômbia em 2019 — Foto: Juan Pablo Bayona/Reuters
Com novo estatuto para proteger cerca de dois milhões de refugiados que vivem no país, presidente da Colômbia recebe elogios no exterior e se cacifa à liderança do continente.
Festejado com seu gesto pela ONU e pela União Europeia, o conservador Duque se mostra também alinhado com o novo governo dos EUA: o presidente Joe Biden apresentou um projeto que abre caminho para a legalização de 11 milhões de imigrantes sem documento que vivem no país, a maioria proveniente da América Latina.
Colômbia vai regularizar 800 mil imigrantes venezuelanos
Eleito em 2018, sob a bênção do ex-presidente e mentor político Álvaro Uribe, Duque é impopular e crítico do acordo de paz selado entre seu antecessor, Juan Manuel Santos, e representantes das Farc. Sob seu governo, a implementação tornou-se vulnerável a frequentes objeções e revisões.
O presidente colombiano faz da oposição ferrenha ao regime venezuelano comandado por Nicolás Maduro, que qualifica com todas as letras como “narcoditadura”, uma das principais bandeiras de seu governo. A estratégia para regularizar os exilados, portanto, é engenhosa. Ao decidir criar um estatuto que protege e beneficia pelo menos 1,7 milhão de imigrantes oriundos do país vizinho, ele angaria a simpatia no exterior e se cacifa para a liderança no continente.
Além de demonstrar solidariedade aos refugiados, o presidente colombiano, que chegou a ser comparado à chanceler alemã Angela Merkel por seu gesto, cala os opositores, pelo menos por um tempo. E desvia o debate político acirrado pelo assassinato de lideranças sociais e de ex-guerrilheiros e também pelo atraso no programa de vacinação contra a Covid-19.
Como o presidente explicou no anúncio de seu projeto na Casa Nariño, cercado de representantes de organismos internacionais, a ideia é transformar o processo de legalização de venezuelanos “num marco na política da migração da Colômbia e também da América Latina”. Duque busca imprimir uma marca a seu governo — a do acolhimento — à altura do acordo de paz que deu a seu antecessor o Nobel da Paz.
Politibola com informações do G1