Festejado com seu gesto pela ONU e pela União Europeia, o conservador Duque se mostra também alinhado com o novo governo dos EUA: o presidente Joe Biden apresentou um projeto que abre caminho para a legalização de 11 milhões de imigrantes sem documento que vivem no país, a maioria proveniente da América Latina.

Colômbia vai regularizar 800 mil imigrantes venezuelanos

Colômbia vai regularizar 800 mil imigrantes venezuelanos

Eleito em 2018, sob a bênção do ex-presidente e mentor político Álvaro Uribe, Duque é impopular e crítico do acordo de paz selado entre seu antecessor, Juan Manuel Santos, e representantes das Farc. Sob seu governo, a implementação tornou-se vulnerável a frequentes objeções e revisões.

O presidente colombiano faz da oposição ferrenha ao regime venezuelano comandado por Nicolás Maduro, que qualifica com todas as letras como “narcoditadura”, uma das principais bandeiras de seu governo. A estratégia para regularizar os exilados, portanto, é engenhosa. Ao decidir criar um estatuto que protege e beneficia pelo menos 1,7 milhão de imigrantes oriundos do país vizinho, ele angaria a simpatia no exterior e se cacifa para a liderança no continente.

Além de demonstrar solidariedade aos refugiados, o presidente colombiano, que chegou a ser comparado à chanceler alemã Angela Merkel por seu gesto, cala os opositores, pelo menos por um tempo. E desvia o debate político acirrado pelo assassinato de lideranças sociais e de ex-guerrilheiros e também pelo atraso no programa de vacinação contra a Covid-19.

Como o presidente explicou no anúncio de seu projeto na Casa Nariño, cercado de representantes de organismos internacionais, a ideia é transformar o processo de legalização de venezuelanos “num marco na política da migração da Colômbia e também da América Latina”. Duque busca imprimir uma marca a seu governo — a do acolhimento — à altura do acordo de paz que deu a seu antecessor o Nobel da Paz.

Politibola com informações do G1