Marielotte Kilian, de 87 anos, e Richard Kilian, de 86, recebem vacina da Pfizer/BioNTech em 19 de janeiro, em Wiesbaden, na Alemanha — Foto: Arne Dedert/Reuters
Pfizer e AstraZeneca anunciaram atrasos na entrega dos imunizantes; primeiro-ministro italiano considera atrasos ‘inaceitáveis’ e disse que poderá usar todas as ferramentas legais disponíveis.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pediu às empresas farmacêuticas neste domingo (24) que haja transparência sobre as razões para os atrasos nas entregas da vacina contra a Covid-19 pelos laboratórios AstraZeneca e Pfizer, informou a agência France Presse.
“O que pedimos a essas empresas é um diálogo transparente”, declarou Charles Michel a vários jornais franceses.
“É óbvio (…) que pensamos em fazer respeitar os contratos que foram assinados pelas empresas farmacêuticas”, afirmou o presidente do Conselho, que representa os 27 Estados-membros da União Europeia (UE).
“Quando a Pfizer anunciou atrasos de várias semanas, viu-se que reagimos com firmeza e, finalmente, os atrasos anunciados de várias semanas foram reduzidos”, lembrou.
Michel se mostrou compreensivo, porém, com as dificuldades industriais e com os “obstáculos” que os laboratórios podem enfrentar, como os problemas “de fornecimento das matérias-primas necessárias”.
Após os atrasos anunciados pela Pfizer nas entregas da vacina, anúncio similar da AstraZeneca na sexta-feira gerou preocupação e revolta na Europa. O continente corre contra o relógio, em meio ao surgimento de novas e mais perigosas variantes do coronavírus.
A UE assinou um total de seis contratos com empresas farmacêuticas e está em negociações com outras duas, para um total de 2,5 bilhões de doses potenciais.
Itália anuncia ida à Justiça
A Itália vai entrar com uma ação contra a Pfizer e a AstraZeneca por causa dos atrasos nas entregas de vacinas para garantir o fornecimento combinado, em vez de buscar indenização, disse o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, neste domingo (24), segundo a agência Reuters.
“Estamos trabalhando para que nosso plano de vacinas não mude”, disse Di Maio à televisão estatal RAI.
No sábado, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse que os atrasos no fornecimento da vacina eram “inaceitáveis” e representavam uma séria violação das obrigações contratuais, acrescentando que a Itália usaria todas as ferramentas legais disponíveis.
A Itália terá que repensar todo o seu programa de vacinação se os problemas de abastecimento persistirem, alertou um oficial de saúde.
Questionado sobre por que achava que as empresas farmacêuticas foram forçadas a anunciar reduções, Di Maio disse acreditar que elas simplesmente prometeram mais do que podiam entregar.
“Estamos ativando todos os canais para que a Comissão da UE faça todo o possível para fazer esses senhores respeitarem seus contratos”, disse ele.
A Pfizer disse na semana passada que estava reduzindo temporariamente os suprimentos para a Europa para fazer mudanças na fabricação que aumentariam a produção.
Na sexta-feira, um alto funcionário disse à Reuters que a AstraZeneca informou à União Europeia que cortaria as entregas da vacina ao bloco em 60% devido a problemas de produção.
O corte no fornecimento anunciado pelas duas empresas vai atrasar a vacinação dos maiores de 80 anos na Itália em cerca de quatro semanas e do resto da população em cerca de 6 a 8 semanas, disse o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri, neste domingo.
“Esse tipo de atraso afeta toda a Europa e uma boa parte do mundo, mas estou confiante de que o atraso pode ser compensado mais adiante”, disse ele à TV italiana.
Politibola com informações do G1
Por Ailton Cavalcanti