Rússia ampliou as investigações e buscas contra aliados e familiares de Alexei Nalvany, opositor do presidente Vladimir Putin que está preso desde que voltou ao país no dia 17.

A repressão ocorre em meio a protestos contra a detenção de Navalny, que estava na Alemanha se recuperando de uma tentativa de assassinato por envenenamento.

O apartamento de Navalny em Moscou foi invadido pela polícia na quarta-feira (27). “Eles não permitem que minha advogada venha e quebraram minha porta”, gritou Yulia, sua esposa, pela janela.

A polícia também realizou buscas em um apartamento onde estava o seu irmão Oleg, nos escritórios da organização do político (o Fundo de Combate à Corrupção) e na residência do seu porta-voz, Kira Iarmych, que foi condenada na sexta-feira (22) a nove dias de prisão.

Além disso, investigadores anunciaram nesta quinta-feira (28) que abriram um processo criminal contra Leonid Volkov, aliado próximo de Navalny, por suspeita de incitar adolescentes a participarem de protestos ilegais.

O escritório de supervisão das telecomunicações da Rússia anunciou que vai sancionar o Facebook, o Instagram, o Twitter, o TikTok, o YouTube e sites locais por terem permitido mensagens incitando menores a participar dos protestos.

Protestos contra a prisão

Multidão participa de protesto a favor do líder opositor russo Alexei Navalny, em Omsk, neste sábado (23) — Foto: Alexey Malgavko/Reuters

Multidão participa de protesto a favor do líder opositor russo Alexei Navalny, em Omsk, neste sábado (23) — Foto: Alexey Malgavko/Reuters

Mais de 1,6 mil pessoas foram detidas nos protestos, que ocorreram em dezenas cidades mesmo com a proibição do governo.

As buscas ocorrem em meio a uma investigação do Ministério do Interior por violação de “normas sanitárias” por causa da pandemia do novo coronavírus.

As autoridades anunciaram também investigações por convocações de distúrbios, violência contra a polícia ou incitar menores a cometer ações ilegais.

Os apoiadores de Navalny convocaram um novo protesto, desta vez em frente à sede da FSB, o Serviço Federal de Segurança, que substituiu a KGB.

Envenenamento com Novichok

Navalny acusa Putin e a FSB pelo envenenamento com Novichok, um agente neurotóxico, em agosto. “Afirmo que Putin está por trás do ato, não vejo nenhuma outra explicação”, afirmou Navalny em outubro.

O governo russo nega qualquer envolvimento no envenenamento. Putin, que se recusa a dizer o nome do seu adversário, afirmou em dezembro que “se alguém quisesse envenená-lo, teriam acabado com ele”.

 

Navalny desmaiou em um voo de Tomsk, na Sibéria, para Moscou e só sobreviveu porque o avião fez um pouso de emergência em Omsk, onde foi levado às pressas para a UTI.

Ele chegou a ficar alguns dias internados na Rússia, mas acabou transferido em coma induzido para a Alemanha, onde ficou mais 32 dias internado.

Após uma recuperação de cinco meses na Alemanha, retornou à Rússia no dia 17 e foi imediatamente detido.

Reação internacional

“Estou surpreso de ver até que ponto um só homem, Navalny, parece preocupar ou até amedrontar o governo russo”, afirmou em Washington o novo chefe da diplomacia americana, Anthony Blinken.

O secretário de Estado dos EUA disse que está “profundamente preocupado com a segurança de Navalny” e afirmou que ele é o porta-voz de “muitos russos e deveria ser ouvido, não amordaçado”.

Politibola com informações do G1