Juri Ratas, ex-primeiro-ministro da Estônia, em imagem de julho de 2020 — Foto: John Thys / Pool / AFP
Uma imobiliária que fez grandes doações ao partido do primeiro-ministro fez contratos lucrativos com o Estado.
O primeiro-ministro da Estônia, Juri Ratas, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira (13), depois que seu partido, o Partido do Centro, tornou-se alvo de uma investigação por corrupção em conexão com uma imobiliária.
Sua renúncia leva à queda do governo de uma coalizão que inclui um partido de extrema direita. Novas eleições são, no entanto, improváveis.
O presidente, Kersti Kaljulaid, tem 14 dias para nomear um novo primeiro-ministro, que precisará ser aprovado pelo Parlamento.
Ratas disse esperar que sua renúncia ajude a “esclarecer todas as circunstâncias” da investigação de corrupção, mas insistiu que não tomou “nenhuma decisão maliciosa ou conscientemente ruim”.
Imobiliária recebeu empréstimo do Estado
A investigação começou em uma imobiliária chamada Porto Franco: ela recebeu um grande empréstimo do Estado e firmou um acordo lucrativo com as autoridades da capital, Tallinn, cujo prefeito também é membro do partido de Ratas.
O pai do proprietário da empresa, o empresário Hillar Teder, doou muito dinheiro ao Partido do Centro.
“Como chefe de governo, não tive a sensação, no caso de Porto Franco, que um ministro ou partido tentou influenciar as decisões do governo de forma ilegal”, afirmou Ratas.
Entre os suspeitos da investigação de corrupção está Kersti Kracht, assessor do ministro das Finanças Martin Helme, líder do EKRE (Partido do Povo Conservador da Estônia), de extrema direita.
A renúncia de Ratas pode inviabilizar o polêmico projeto de referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo que a coalizão planejava organizar.
Novas eleições
No entanto, novas eleições só ocorrerão se nenhum candidato a primeiro-ministro obtiver a maioria.
A última vez que a Estônia foi às urnas foi em 2019.
O Partido da Reforma, principal formação de oposição liderada pelo ex-eurodeputado Kaja Kallas, venceu as eleições, mas não conseguiu garantir um acordo para uma coalizão majoritária.
Em contrapartida, o Partido do Centro formou uma coalizão com o partido anti-europeu EKRE e os conservadores de direita do Isamaa.
Centro e Reforma alternam-se no governo há quase três décadas, desde que a Estônia se libertou da União Soviética.
Ambos apoiam a adesão da Estônia à União Europeia e à Otan, que consideram uma proteção contra a Rússia.
Eles são a favor de políticas de austeridade para controlar os gastos, o que dá ao país uma das mais baixas relações entre a dívida e o PIB da zona do euro.
Politibola com informações da France Presse
Por Ailton Cavalcanti