Evaristo Sá/ AFP

A interferência do presidente Jair Bolsonaro nas eleições às Presidências da Câmara e do Senado está prestes a se mostrar bem-sucedida. Os candidatos apoiados pelo chefe do Executivo, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), são os favoritos, disparados, no pleito que ocorrerá na próxima segunda-feira.

No Senado, confirmou-se a reviravolta que deixou o caminho mais amplamente aberto para Pacheco. O MDB resolveu abandonar a candidata do próprio partido, Simone Tebet (MS), principal adversária do político mineiro. A parlamentar anunciou, no entanto, que vai concorrer de forma independente.
Tebet tomou a decisão depois de pressionada pela bancada da legenda a desistir da candidatura em nome de um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), fiador de Pacheco. Em entrevista coletiva, a senadora não poupou críticas ao governo. Ela citou investidas de ministros junto a senadores e reprovou o que chamou de um “jogo de quererem transformar o Senado da República em um apêndice do Executivo”.
A parlamentar relatou que recebeu um telefonema, ontem, do líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), que a liberou da candidatura própria do partido. Na conversa, segundo contou, o colega informou que a bancada ia prosseguir em discussões com Alcolumbre na busca de um acordo envolvendo a ocupação de cargos pelo partido, no Senado, em uma eventual vitória de Pacheco.
A decisão de Tebet ocorre após a bancada emedebista na Casa demonstrar frustração com os apoios conseguidos pela candidata. Ao longo da campanha do MDB, ela recebeu adesões do Cidadania e do PSB, mas não de legendas que se apresentavam como aliadas, casos de Podemos, Rede e PSDB. Já a campanha de Pacheco é sustentada por nove siglas.
Alcolumbre foi duramente criticado por Tebet. “Há dois anos, eu abri mão da minha candidatura em nome de um projeto do então candidato e atual presidente Davi Alcolumbre, que, entre outros compromissos, assumiu conosco o da independência do Senado. Pois bem, hoje, a independência do Senado está comprometida”, enfatizou. A constatação, segundo a parlamentar, deve-se “à ingerência (do Executivo), porque temos um candidato oficial do governo federal, e isso é visível diante das assertivas e dos anúncios feitos por colegas em relação à estrutura, ao apoio e aos pedidos de ministros e ministérios por apoio para o candidato oficial do governo”.
Questionada sobre como via a mudança de postura de Alcolumbre, nesses dois anos, ela respondeu: “Acho que essa pergunta tem que ser feita ao presidente do Senado, para saber o que o levou a preterir a maior bancada, de 15 senadores, uma bancada de senadores que deu sustentação à sua governabilidade, inclusive, sustentação à governabilidade do governo federal”.
A senadora negou que se sinta traída no MDB, mas lembrou que não agiu para ser candidata e que só entrou na disputa após uma decisão da bancada. Perguntada se pretende deixar o partido, admitiu a possibilidade. “Enquanto eu acreditar no MDB, eu permaneço. Tenho, obviamente, um compromisso regional com o MDB, que passa, a partir de então, a questionar (a atual decisão do partido no Senado, é natural, e eu não posso dizer, neste momento, da minha permanência ou não”, afirmou. “Hoje, eu estou no MDB. Quero continuar no MDB. Se, a partir de março, continuarei, o tempo dirá, a depender muito mais de questões regionais do que de nacionais.
Politibola com informações do Correio Braziliense