GONZALO FUENTES/REUTERS – 13.01.2021

Entidade considera que aumentar de 3 para 12 semanas o tempo entre as aplicações pode comprometer a eficácia da vacina

Pfizer recomendou 3 semanas de intervalo, mas o governo britânico planeja 12

A Associação Médica Britânica (BMA, em inglês) solicitou às autoridades de saúde que reduzam o número de semanas entre a primeira e a segunda dose Pfizer-BioNTech, vacina utilizada contra a covid-19. A entidade considera que estender o prazo com o objetivo de vacinar mais pessoas “não se justifica”.

Em função do alto nível de infecções por covid-19 no Reino Unido devido ao aparecimento de uma nova variante do coronavírus na Inglaterra, as autoridades britânicas decidiram que a segunda dose de Pfizer-BioNTech deveria ser administrada 12 semanas após a primeira. Entretanto, a farmacêutica recomendou um intervalo de três semanas.

No entanto, em uma carta enviada pela BMA ao conselheiro médico chefe do governo, Chris Whitty, a associação admite que concorda que a vacinação deve ser feita “o mais rápido possível”, mas pediu para reduzir o intervalo entre as doses.

A BMA acrescenta que o Reino Unido está “cada vez mais isolado” nesta estratégia, visto que nenhum outro país a adoptou e é cada vez mais difícil de justificá-la.

“A ausência de apoio internacional para a medida do Reino Unido é um motivo de profunda preocupação e pode comprometer a confiança da população e da profissão (médica) no programa de vacinação”, diz a carta.

O presidente da BMA, Chaand Nagpaul, disse que há uma “preocupação crescente” de que a vacina seja menos eficaz se houver uma diferença de 12 semanas entre uma dose e outra. “Obviamente, a proteção não desaparecerá após seis semanas, mas o que não sabemos é que nível ela oferecerá”, acrescentou.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou um espaço de quatro semanas entre as doses e que somente em circunstâncias excepcionais seja estendido para seis semanas.

A Pfizer enfatizou que os testes de sua vacina só mostraram que ela é eficaz quando as doses são administradas com 21 dias de intervalo.

Preocupação com a variante

A preocupação da BMA vem à tona depois que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu nesta sexta-feira (22), em entrevista coletiva, que há “evidências” de que a variante identificada na Inglaterra “está associada a um nível mais alto de mortalidade”.

“Fomos informados hoje que, além de se expandir mais rapidamente, agora também parece haver alguma evidência de que a nova variante, identificada em Londres e no sudeste [da Inglaterra], pode estar associada a um nível mais alto de mortalidade”, disse o premiê.

De acordo com os últimos dados oficiais, 1.401 novas mortes por coronavírus foram registradas nesta sexta-feira no Reino Unido.

O país está imunizando sua população com vacinas da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca e tem como meta priorizar os grupos mais vulneráveis ​​- cerca de 15 milhões de pessoas – até meados de fevereiro.

Politibola com informações do R7
Por Ailton Cavalcanti