Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, participa de entrevista coletiva em Washington nesta quarta-feira (27) — Foto: Carlos Barria/Pool/Reuters
Novo secretário de Estado americano disse que caminho para reabertura com governo iraniano será longo. Além disso, ele afirmou que pretende ampliar a cooperação com a China, mas defendeu a pressão contra o genocídio sofrido pela população uigur.
Os Estados Unidos retornarão ao acordo nuclear com o Irã quando Teerã cumprir seus compromissos com o pacto assinado em 2015, disse o novo secretário de Estado americano, Antony Blinken, nesta quarta-feira (27), alertando que o caminho para um acordo será longo.
Em seu primeiro dia como chefe da diplomacia americana, Blinken confirmou a disposição do presidente Joe Biden de retornar ao acordo abandonado por Donald Trump. Ele, no entanto, rejeitou a pressão iraniana para que os Estados Unidos tomassem a liderança nesse aspecto, segundo a agência France Presse.
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“O Irã não está cumprindo com suas obrigações em várias frentes. E levará algum tempo, se decidir fazê-lo, para cumprir com suas obrigações novamente e para que avaliemos se está fazendo isso”, afirmou Blinken em coletiva de imprensa. “Ainda não chegamos a esse ponto, para dizer o mínimo.”
Míssil Qader (‘Capaz’) é testado no sul do Irã em 2016 — Foto: Reuters/Ebrahim Norouzi/Jamejamonline
O ex-presidente Donald Trump saiu de um acordo nuclear internacional negociado em 2015 sob o presidente Barack Obama e voltou a impor sanções a Teerã. O Irã respondeu reduzindo o cumprimento do acordo, formalmente conhecido como Plano Global de Ação Conjunto (JCPOA), segundo o qual a república islâmica obteve alívio econômico em troca de restrições ao seu programa nuclear.
“O presidente Biden foi muito claro ao dizer que se o Irã cumprir integralmente suas obrigações sob o plano novamente, os Estados Unidos fariam o mesmo”, garantiu Blinken.
Do outro lado, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, exigiu que os Estados Unidos dessem o primeiro passo e desistissem das sanções definidas por Trump, que afetam principalmente as exportações de petróleo, principal pilar da economia iraniana.
China e uigures
Presidente da China, Xi Jinping, fala durante a 75ª assembleia geral da ONU, em setembro de 2020 — Foto: Reprodução/ United Nations/ You Tube
Blinken também disse que é favorável à cooperação com a China sobre mudança climática e outras questões de interesse comum, mesmo tendo reiterado que foi cometido genocídio contra muçulmanos uigures na região de Xinjiang.
A relação EUA-China é “provavelmente a relação mais importante que temos no mundo”, afirmou ele a repórteres.
“Cada vez mais, essa relação tem alguns aspectos antagônicos. Tem aspectos competitivos. E ainda tem aspectos cooperativos“, disse Blinken, acrescentando que combater as mudanças climáticas é do interesse dos dois países.
Instalação murada em Xinjiang, na China, onde o governo chinês é acusado de deter muçulmanos da etnia uigur pela religião. Foto de fevereiro de 2020 — Foto: Aysha Khan/RNS via AP
“Acredito, e espero, que possamos buscar isso, mas isso se encaixa no contexto mais amplo de nossa política externa e de muitas questões de preocupação que temos com a China; questões que precisamos trabalhar.”
Blinken foi questionado sobre como seria possível cooperar com o país asiático depois que seu antecessor, o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, disse na semana passada que a China cometeu genocídio contra muçulmanos em Xinjiang. Blinken endossou essa determinação em sua audiência de confirmação na semana passada.
“Meu julgamento continua sendo que genocídio foi cometido contra os uigures e isso não mudou”, disse Blinken na quarta-feira.
Politibola com informações do G1