Os Estados Unidos retornarão ao acordo nuclear com o Irã quando Teerã cumprir seus compromissos com o pacto assinado em 2015, disse o novo secretário de Estado americano, Antony Blinken, nesta quarta-feira (27), alertando que o caminho para um acordo será longo.

Em seu primeiro dia como chefe da diplomacia americana, Blinken confirmou a disposição do presidente Joe Biden de retornar ao acordo abandonado por Donald Trump. Ele, no entanto, rejeitou a pressão iraniana para que os Estados Unidos tomassem a liderança nesse aspecto, segundo a agência France Presse.

O Irã não está cumprindo com suas obrigações em várias frentes. E levará algum tempo, se decidir fazê-lo, para cumprir com suas obrigações novamente e para que avaliemos se está fazendo isso”, afirmou Blinken em coletiva de imprensa. “Ainda não chegamos a esse ponto, para dizer o mínimo.”

Míssil Qader ('Capaz') é testado no sul do Irã em 2016 — Foto: Reuters/Ebrahim Norouzi/Jamejamonline

Míssil Qader (‘Capaz’) é testado no sul do Irã em 2016 — Foto: Reuters/Ebrahim Norouzi/Jamejamonline

ex-presidente Donald Trump saiu de um acordo nuclear internacional negociado em 2015 sob o presidente Barack Obama e voltou a impor sanções a Teerã. O Irã respondeu reduzindo o cumprimento do acordo, formalmente conhecido como Plano Global de Ação Conjunto (JCPOA), segundo o qual a república islâmica obteve alívio econômico em troca de restrições ao seu programa nuclear.

“O presidente Biden foi muito claro ao dizer que se o Irã cumprir integralmente suas obrigações sob o plano novamente, os Estados Unidos fariam o mesmo”, garantiu Blinken.

 

Do outro lado, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, exigiu que os Estados Unidos dessem o primeiro passo e desistissem das sanções definidas por Trump, que afetam principalmente as exportações de petróleo, principal pilar da economia iraniana.

China e uigures

 

Presidente da China, Xi Jinping, fala durante a 75ª assembleia geral da ONU, em setembro de 2020 — Foto: Reprodução/ United Nations/ You Tube

Presidente da China, Xi Jinping, fala durante a 75ª assembleia geral da ONU, em setembro de 2020 — Foto: Reprodução/ United Nations/ You Tube

Blinken também disse que é favorável à cooperação com a China sobre mudança climática e outras questões de interesse comum, mesmo tendo reiterado que foi cometido genocídio contra muçulmanos uigures na região de Xinjiang.

A relação EUA-China é “provavelmente a relação mais importante que temos no mundo”, afirmou ele a repórteres.

 

Cada vez mais, essa relação tem alguns aspectos antagônicos. Tem aspectos competitivos. E ainda tem aspectos cooperativos“, disse Blinken, acrescentando que combater as mudanças climáticas é do interesse dos dois países.

Instalação murada em Xinjiang, na China, onde o governo chinês é acusado de deter muçulmanos da etnia uigur pela religião. Foto de fevereiro de 2020 — Foto: Aysha Khan/RNS via AP

Instalação murada em Xinjiang, na China, onde o governo chinês é acusado de deter muçulmanos da etnia uigur pela religião. Foto de fevereiro de 2020 — Foto: Aysha Khan/RNS via AP

“Acredito, e espero, que possamos buscar isso, mas isso se encaixa no contexto mais amplo de nossa política externa e de muitas questões de preocupação que temos com a China; questões que precisamos trabalhar.”

 

Blinken foi questionado sobre como seria possível cooperar com o país asiático depois que seu antecessor, o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, disse na semana passada que a China cometeu genocídio contra muçulmanos em Xinjiang. Blinken endossou essa determinação em sua audiência de confirmação na semana passada.

“Meu julgamento continua sendo que genocídio foi cometido contra os uigures e isso não mudou”, disse Blinken na quarta-feira.

Politibola com informações do G1