Portões são fechados às 13h para o segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro(UERJ). – Tomaz Silva/Agência Brasil
Muitos estudantes chegaram cedo, para evitar aglomerações
Estudantes de todo o Brasil fazem hoje (24) as provas de matemática e de ciências da natureza do Exame Nacional do Ensino Médio, com 45 questões cada. Os estudantes terão cinco horas para resolver as questões. Os portões abriram às 11h30, as provas começam às 13h30 e terminam às 18h30. No campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um dos maiores locais de aplicação de prova na capital, a movimentação de candidatos começou antes mesmo de o acesso à sala de prova ser liberado.
Em busca de uma vaga no curso de medicina, Rodrigo Cunha, 20 anos, chegou cedo à Uerj para evitar o transporte público lotado. O morador do Complexo da Maré conta que está em sua terceira tentativa e que, neste ano, se sente mais preparado por ter cursado um pré-vestibular comunitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde sonha estudar.
“Me deu muito mais força e vontade de estudar”, afirma ele, que, apesar disso, achou mais complicado se preparar somente com aulas remotas. “As aulas online foram muito difíceis. Tem sempre uma pessoa pra te distrair, alguém te chamando e até mesmo a preguiça”.
No primeiro dia do exame, Rodrigo conta que se sentiu preocupado com a possibilidade de encontrar uma sala lotada, o que não ocorreu, segundo o estudante, porque mais da metade dos candidatos em sua sala faltou. Rodrigo considera que chegou mais tranquilo para o segundo dia da prova. “Espero que dê tudo certo”.
Interessada em uma vaga no curso de nutrição, Sara Almeida afirmou que se sente preparada e confiante para a prova, depois de ter feito com tranquilidade o primeiro dia do exame.
“Pra mim foi fácil, porque estudei e tive oportunidade de me preparar, mas nem pra todos foi fácil”, pondera a estudante, que está em seu segundo Enem e trocou o pré-vestibular por uma plataforma paga de aulas online.
Sobre a prevenção à covid-19, a moradora de Benfica afirma que chegou preocupada no primeiro dia do exame, mas se acalmou na hora da prova. “Eu me senti insegura, mas trouxe meu álcool gel dentro da bolsa e foi tranquilo”.
Também em seu segundo Enem, Suelen Carvalho, de 22 anos, foi uma das primeiras a chegar à Uerj para evitar aglomerações no transporte público. No primeiro dia, ela conta que a volta da prova coincidiu com o fim do expediente de trabalhadores e lotou o transporte para o Complexo da Maré, onde mora.
“Considerando o contexto de pandemia, espero pelo menos não pegar o corona”, afirma Suelen, que pretende cursar biologia. Apesar da preocupação, a estudante conta que foi fazer a prova porque teme não conseguir isenção novamente no ano que vem se faltar ao exame.
Para Samuel da Silva, de 19 anos, o Enem deste ano vai servir como um teste, porque ele pretende se preparar melhor no ano que vem para tentar uma vaga em psicologia.
“Estava esperando passar esse tempo de pandemia para ter aula presencial, porque muita gente não consegue aprender assim. Fui tentando estudar sozinho em casa e vim tentar fazer pra ver se consigo alguma coisa”.
O candidato saiu de Benfica de ônibus e conta que, apesar do medo de contrair a covid-19, se sentiu tranquilo para realizar a prova no primeiro dia do Enem. “Quando cheguei na sala não pensei nisso. Só pensei em fazer a prova e sair”.
São Paulo
O segundo dia de provas do Enem em São Paulo teve movimentação tranquila na unidade da Universidade Paulista (Unip) do Paraíso, zona sul. Antes da prova, a ansiedade tomou conta de alguns estudantes. Gabriela de Barros, 19 anos, candidata ao curso de psicologia, relata que a pandemia é o que mais assunta. “Eu fico bem nervosa com essa tensão de prova, nunca me dei muito bem. Mas eu procuro me acalmar. O que mais me deixa tensa é a pandemia, é ficar numa sala fechada com muita gente que eu nem sei se respeitou a quarentena. Hoje, até que está vazio. No primeiro dia, tinha muito mais gente”. Estudante de escola particular, ela considerou estar bem preparada para a avaliação.
Já a operadora de caixa de mercado Sabrina Pereira da Silva, 23 anos, formou-se em escola pública e precisou estudar sozinha com conteúdos gratuitos pela internet. “O mercado suga meu tempo todo. Estou com mais medo da prova. Em relação à pandemia, convivo com ela todo dia. Fazer o quê? Desde o comecinho, o mercado não parou”, conta.
Aos 47 anos de idade, Rosimeire Souza de Carvalho, pretende cursar pedagogia. No primeiro dia de prova, ela notou grande abstenção entre os estudantes. “O espaço estava bem distante entre um [candidato] e outro, tudo direitinho. Tinham poucos alunos. Estou bem tranquila”, diz.
Leonardo Anastácio Eduardo, 19 anos, pretende cursar ciências sociais, letras ou filosofia. Com mais afinidade para a área de humanas, o estudante admitiu temer a prova de matemática. “Vai ser no chute”, brinca. Ele também precisou manter a disciplina para estudar sozinho em casa durante a pandemia. “Foi complicado, porque não tem aquela rotina do curso presencial. Fiz cursinho digital, mas estudei mais por conta própria mesmo. Achei bem difícil manter a rotina”.
Brasília
No Distrito Federal (DF), 113.177 candidatos estão inscritos para fazer a versão impressa do Enem. A Agência Brasil acompanhou a entrada dos candidatos no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Todos os estudantes usavam máscaras. Sob um sol intenso, o fluxo de pessoas não gerou aglomerações. Após atravessar o portão, a maioria optou por ir direto para as salas de aula.
Em seu primeiro Enem, o estudante Eric Torres do Amaral, 18 anos, diz que, apesar de não ter estudado tudo o que deveria, está com as melhores expectativas para o segundo dia de provas. Eric, que tenta uma vaga no curso de publicidade, garante ter gostado do primeiro dia de exame, especialmente da redação, mas observa que, no seu caso, a rotina de estudos foi afetada negativamente pela pandemia. “Esse período de pandemia mudou tudo no processo de estudo. No EaD [ensino à distância], você não consegue estudar tanto quanto você estuda no presencial. Então, você fica mais disperso”, conta.
Veterana no Enem, a candidata Ana Luiza Pelegrinelli, 32, anos decidiu fazer o exame por ter como objetivo um segundo curso de nível superior. Formada em odontologia, ela agora disputa uma vaga no curso de medicina. Ana Luiza diz que retomou a rotina de estudos em 2018. Ela afirma ainda estar com expectativas positivas para as provas de hoje. Para a candidata, a prova da semana passada transcorreu de maneira tranquila. “Não tive nenhum problema com ninguém que não estivesse de máscara ou cumprindo as restrições. A prova também foi bem desenvolvida. Achei bacana”.
Ela também diz que não notou mudanças significativas em relação a edições anteriores, mas que se sentiu um apreensiva em razão da pandemia. “Acho que a gente está muito apreensivo na hora de chegar, com relação a quantidade de pessoas, se está todo mundo respeitando o distanciamento”, relata. “O que eu achei preocupante dentro da sala é que as filas estão dentro da mesma distância de sempre. Estou próxima da fila da pessoas da frente e o meu distanciamento das outras pessoas é o mesmo de antes. Não é o distanciamento ideal que é preconizado”, acrescenta.
Quem também estava otimista com o segundo dia de provas é o estudante Matheus Alves Cunha, 20 anos. Em sua segunda tentativa de vaga para o curso de direito, Matheus diz também não ter notado muita diferença em relação a edição anterior do Enem. O candidato afirma ter gostado do primeiro dia de provas e da redação. A estratégia para o segundo dia, segundo ele, é manter o foco. “Essa é a segunda vez que eu faço Enem. Não notei muita diferença em relação à edição anterior. Só o momento que a gente vive, que tem que usar máscara. Na sala havia distanciamento, janelas abertas”, diz. “Com essa pandemia, não foi fácil manter a concentração. Tem que usar máscara, há o medo de pegar o coronavírus, tem que trazer o álcool também. Então, tudo isso influencia um pouco”, acrescenta. Agora vamos focar para tentar uma boa nota hoje”.
Politibola com informações Agência Brasil
Por Ailton Cavalcanti