Foto: AFP / EVARISTO SA
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (12) que precisou intervir em Manaus porque a cidade não estava fazendo “tratamento precoce” na população diagnosticada com Covid-19 e que, por isso, as mortes locais aumentaram.
“Olha o que estava acontecendo em Manaus agora. Vamos falar Amazonas porque Amazonas se resume, em grande parte, a Manaus. São poucas cidades lá. Mandamos ontem [segunda-feira] o nosso ministro da Saúde [Eduardo Pazuello] para lá. Estava um caos. Não faziam tratamento precoce”, disse a apoiadores no Palácio da Alvorada.
“Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes, pessoal, por asfixia porque não tinha oxigênio. O governo estadual deixou acabar oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagine você, morrendo afogado. Fomos para lá e ele [Pazuello] interferiu. Estão falando já que interferiu. Então, vai deixar o pessoal morrer?”, questionou.
Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação científica como ivermectina e cloroquina no surgimento inicial de sintomas do novo coronavírus. “É igual quando fala da hidroxicloroquina, da ivermectina. Vem ainda alguns que falam que não tem comprovação científica. A gente sempre falou que não tinha. Quem não quiser tomar não tome. Agora, eu e mais 200 do meu prédio da Presidência que tivemos covid tomamos. Ninguém foi para o hospital. Então, ela serve para as duas coisas, segundo dezenas de milhares de médicos”, alegou.
Por fim, Bolsonaro defendeu Pazuello, ressaltando que o mesmo está no lugar certo. “Pazuello é uma pessoa excepcional. É a pessoa certa, no lugar certo. Se tivesse um [ex-ministro Luiz Henrique] Mandetta lá, até hoje, esse marqueteiro da Globo, estava recomendando ficar em casa e ‘só vai para o hospital quando tiver falta de ar’. E continua, agora, tendo espaço na TV funerária, na capa da revista IstoÉ. O médico, a cara do jegue lá, olhando para o pasto assim”, ironizou.
Precoce
Em pronunciamento durante a visita a Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reforçou o tratamento precoce contra a Covid-19, frisando que o diagnóstico da doença deve ser feito pelo médico e que os exames laboratoriais ou de imagem são complementares. Além disso, o ministro afirmou que a prescrição de uma medicação pode ser feita pelo médico antes dos resultados dos testes.
“O diagnóstico é do médico, não é do exame, não é do teste, não aceitem isso. (…) o exame laboratorial, o teste é complemento do diagnóstico médico, até porque a medicação pode e deve começar antes desses exames complementares. Caso o exame lá na frente, por alguma razão, dê negativo, ele reduz a medicação e está ótimo. Não vai matar ninguém, pelo contrário, salvará no caso da covid”, indicou Pazuello.
Em um ofício enviado à secretária de Saúde de Manaus, Shadia Hussami Hauache Fraxe, o Ministério da Saúde pressiona a gestão municipal a utilizar medicamentos antivirais orientados pelo Ministério da Saúde contra a Covid-19.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já afirmou que não há comprovação de eficácia das medicações citadas acima no tratamento contra a Covid-19. “Os estudos clínicos randomizados com grupos de controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns desses medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a Covid-19”, justificou a sociedade de saúde.
Em novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que as substâncias mencionadas são indicadas apenas para o tratamento dos males e sintomas especificados na bula.
Politibola com informações do Correio Braziliense
Por Ailton Cavalcanti