AFP/Paul ELLIS
Berlim refutou, nesta terça-feira (26), informações de dois jornais alemães, que citaram fontes anônimas no governo, de que a vacina antiCovid-19 do laboratório AstraZeneca não era eficaz o suficiente em pessoas com mais de 65 anos.
Os jornais “confundiram” vários dados localizados em estudos sobre a eficácia da vacina, atualmente avaliados por autoridades sanitárias europeias, afirmou o Ministério da Saúde, em nota enviada à AFP.
O jornal Bild e o jornal econômico Handelsblatt disseram, na segunda-feira à noite, que o governo alemão duvidava da eficácia da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, em pessoas com mais de 65 anos.
Segundo o Handelsblatt, que alegou se basear em fontes do governo, Berlim contava com uma eficácia de apenas 8% para essa faixa etária, ameaçando a aprovação da vacina. “Parece que, à primeira vista, os artigos confundiram duas coisas”, disse o Ministério da Saúde.
De acordo com as autoridades, os veículos confundiram a proporção de pessoas “entre 56 e 69 anos” que participaram dos estudos de avaliação da vacina em “8%”, e seu índice de eficácia para maiores de 65 anos.
Ontem mesmo, o laboratório farmacêutico defendeu a eficácia de sua vacina em pessoas com mais de 65 anos, refutando reportagens da imprensa alemã questionando o desempenho do produto nessa faixa etária.
“Relatórios de que a vacina AstraZeneca/Oxford seria apenas 8% eficaz em adultos com mais de 65 anos são completamente falsos”, disse um porta-voz da AstraZeneca em um comunicado enviado à AFP.
O laboratório britânico, cuja vacina foi licenciada e já foi amplamente administrada no Reino Unido, explica em seu comunicado que publicou dados científicos em novembro na revista The Lancet, “o que prova que os idosos têm mostrado fortes respostas imunológicas, e 100% deles geraram anticorpos específicos após a segunda dose”.
O Bild Zeitung, que também citou fontes do governo, escreveu que a coalizão de Angela Merkel espera que a vacina AstraZeneca/Oxford, que deve receber sinal verde da UE nesta sexta-feira, não seja aprovada para maiores de 65 anos. Isso teria um impacto importante sobre a estratégia de vacinação em muitos países.
Procurada pela AFP, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que poderá nos próximos dias tomar uma decisão quanto à aprovação desta vacina, recusou-se a comentar “uma avaliação em curso”.
A AstraZeneca foi repreendida pela Comissão Europeia na segunda-feira (25), após anunciar na semana passada que iria entregar menos doses do que o esperado no primeiro trimestre, devido a uma “queda no desempenho” em uma fábrica europeia.
Bruxelas considera este atraso no fornecimento “inaceitável” e apela à “transparência” nas exportações para fora da UE das doses lá produzidas.
Politibola com informações da Agência France-Press
Por Ailton Cavalcanti