Dados mostram que entre os pessoenses, 75% dos leitores são da classe B ou C, enquanto a classe A fica na lanterna, representando apenas 8%
Para chegar ao resultado, o órgão consultou mais de 8.000 pessoas em todos os estados brasileiros, entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, tomando como leitor aqueles que leram ao menos um livro nos três meses que antecederam a consulta. No líder João Pessoa, a média no trimestre foi de 4,09 livros, número que sobe para 8 analisando-se os doze meses antecessores, mais da metade dos lidos por vontade própria. Na ponta oposta, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, amargou uma média de 3,09 livros por ano — menos do que a marca de João Pessoa em três meses, e apenas 26% de leitores entre a população. Boa Vista, Roraima, é a única capital que continua em análise, por isso não integra a pesquisa (veja ranking abaixo).
Os dados ainda mostram que, entre os pessoenses, 75% dos leitores são da classe B ou C, enquanto a classe A fica na lanterna, representando apenas 8%, situação que se repete no contexto geral. Em todo o Brasil, a classe C detém, sozinha, 49% dos leitores, contra apenas 4% dos mais ricos. Esse resultado, porém, deve-se mais ao fato de uma classe A ser minoria no país, em números absolutos, do que a um baixo índice de leitura. Em um comparativo proporcional, embora tenha registrado a maior queda percentual de 2015 para 2019, 67% da classe A declarou-se leitora, contra 63%, 53% e 38% nas classes B, C e D/E, respectivamente.
Nesse contexto, a proposta de tributação de livros do ministro Paulo Guedes pode estreitar ainda mais a diferença de acesso entre as classes sociais, afetando negativamente o mercado editorial. Desde 2004, vigora uma lei que desonera a indústria do livro. A proposta de Guedes, no entanto, é extinguir os benefícios em troca da colaboração com a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 12%. Caso isso aconteça, os livros ficarão mais caros, o que ameaça o consumo das classes C e D/E, que correspondem a 70% dos leitores do país. Com isso em mente, a Associação Brasileira de Editores e Produtores de Conteúdo e Tecnologia Educacional (Abrelivro), a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) enviarão, nessa semana, uma carta compromisso aos candidatos à prefeitura das capitais brasileiras, com cinco propostas de estimulo à leitura.
Confira o percentual de leitores por capital:
João Pessoa (64%)
Curitiba (63%)
Manaus (62%)
Belém (61%)
São Paulo (60%)
Teresina (59%)
São Luís (59%)
Aracaju (58%)
Salvador (57%)
Florianópolis (56%)
Vitória (55%)
Fortaleza (54%)
Belo Horizonte (53%)
Porto Alegre (53%)
Porto Alegre (53%)
Recife (52%)
Cuiabá (52%)
Palmas (52%)
Macapá (51%)
Porto Velho (51%)
Rio Branco (49%)
Natal (48%)
Rio de Janeiro (47%)
Goiânia (42%)
Maceió (37%)
Campo Grande (26%)
Boa Vista (em apuração).