Após se tornar alvo da reabertura de investigação sobre supostos pagamentos da empreiteira OAS pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou o procurador como uma “pessoa muito correta” durante live organizada pelo Jornal “Valor Econômico” na manhã desta segunda-feira e disse acreditar que a investigação será rearquivada tão logo seja reavaliada.
— O procurador tem sido uma pessoa muito correta e espero que assim ele mantenha o trabalho dele, que não pareça que neste caso ou qualquer outro caso possa ter uma interferência dele por pressão de algum outro poder em relação a qualquer assunto que seja a sucessão, ou qualquer assunto de interesse do Poder Executivo — afirmou Maia.
O presidente da Câmara rechaçou a hipótese de a reabertura da investigação pela Procuradoria Geral da República se tratar de um movimento de cunho político. No último sábado, o GLOBO revelou que a PGR decidiu unificar e reabrir duas investigações sobre supostos pagamentos da empreiteira OAS a Maia. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou a solicitação e, em despacho de quinta-feira, determinou o envio dos autos à Polícia Federal para a reabertura das investigações contra o presidente da Câmara. O caso tramita sob sigilo.
— É importante que a PGR mantenha a sua autonomia e as condições de realizar seu trabalho. Não tenho nenhum motivo até este momento para acreditar nisso (movimento de cunho político). Isso seria muito grave, muito ruim, e acredito nas instituições democráticas e no Judiciário — disse Maia.
O presidente da Câmara afirmou ainda esperar que o inquérito seja arquivado em um curto prazo de tempo.
— Tenho certeza que esse inquérito aberto quase um ano e meio depois voltará a ser arquivado no prazo mínimo necessário para sua reavaliação.
Dois inquéritos no STF apuraram suspeitas de repasses da OAS a Rodrigo Maia. Um deles se baseia em trocas de mensagens entre o parlamentar e o ex-presidente da empreiteira, Léo Pinheiro. A Polícia Federal concluiu essa investigação em 2017 e apontou a existência de indícios do crime de corrupção passiva envolvendo Maia, acusando-o de beneficiar a OAS em uma medida provisória em troca do recebimento de doações eleitorais.
Na época, a equipe da então procuradora-geral da República Raquel Dodge deixou pronta uma minuta de denúncia a ser apresentada ao Supremo contra ele, mas Dodge deixou o caso parado para uma decisão de seu sucessor.
Augusto Aras, que assumiu em setembro do ano passado, não decidiu se protocolaria essa denúncia no STF e pediu à sua equipe a realização de um pente-fino nas provas do caso. Agora, Aras entendeu que seria necessário reabrir e aprofundar as investigações.
Um segundo inquérito, sobre supostos repasses de caixa dois da OAS a Maia, com base na delação premiada de funcionários do setor de contabilidade paralela da empreiteira, foi arquivado por Dodge pouco antes de ela deixar o comando da PGR. No início deste ano, a PF enviou um ofício a Fachin afirmando ter encontrado novos indícios sobre o caso, com base nas planilhas da OAS, e sugeriu sua reabertura.
Politibola com informações do Extra