Last updated on outubro 12th, 2020 at 11:16 pm

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, marcou para quinta-feira (8) o julgamento do recurso sobre o formato do depoimento do presidente Jair Bolsonaro no inquérito sobre suposta interferência política na Polícia Federal.

A decisão foi tomada após um pedido do relator do caso, ministro Celso de Mello, que se aposenta na terça-feira da próxima semana, dia 13 de outubro. O decano (ministro mais antigo) do STF quer participar do julgamento antes de deixar a Corte.

Ministros apontam reservadamente que, em um julgamento físico, com debates, há chance de Celso de Mello conseguir apoio no plenário para manter a decisão que obrigaria Bolsonaro a prestar depoimento presencial.

Pela manhã, Celso de Mello pediu que Fux marcasse julgamento sobre depoimento de Bolsonaro

Pela manhã, Celso de Mello pediu que Fux marcasse julgamento sobre depoimento de Bolsonaro

No recurso, a Advocacia-Geral da União (AGU) pede que o presidente seja autorizado a enviar posicionamento por escrito. Celso de Mello já negou essa possibilidade, em decisão individual, e disse que essa prerrogativa não vale para autoridades que, como Bolsonaro, sejam ouvidas como investigadas nos inquéritos.

Na última semana, Celso de Mello retirou o pedido da AGU do plenário virtual, onde começaria a ser julgado na última sexta (2), e abriu prazo para que a defesa do ex-ministro Sergio Moro apresentasse manifestação sobre o recurso do governo.

Os advogados de Moro apresentaram argumentos nesta segunda (5) e, com isso, o tema foi liberado por Celso de Mello para ir a julgamento. O relator também autorizou que a Polícia Federal prorrogue as investigações por mais 30 dias.

Histórico

Ao antecipar o retorno de uma licença médica, no último dia 25, Celso de Mello anunciou que anteciparia a própria aposentadoria para 13 de outubro – duas semanas antes de completar os 75 anos, idade limite para a aposentadoria compulsória.

Na última quinta-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro anunciou o indicado para suceder Celso de Mello na Corte: o desembargador do TRF-1 Kassio Nunes Marques. Ele ainda será sabatinado pelo Senado Federal, que precisa aprovar a indicação por maioria absoluta em plenário.

Em meio à licença médica, o decano do STF decidiu que o presidente deveria ser ouvido pelos policiais de forma presencial. Ou seja, sendo investigado, Bolsonaro não teria a prerrogativa de prestar esclarecimentos por escrito – como prevê o Código de Processo Penal para autoridades ouvidas como testemunhas.

A Advocacia-Geral da União então recorreu, para tentar garantir que o presidente tenha a prerrogativa de apresentar seus esclarecimentos por escrito. Com o relator de licença, o caso foi para as mãos do ministro Marco Aurélio Mello, que enviou o caso ao plenário virtual.

Marco Aurélio Mello também já tinha antecipado posicionamento a favor de que o presidente Jair Bolsonaro prestasse depoimento por escrito.

Desde o retorno da licença, no entanto, Celso de Mello reassumiu a relatoria do caso, retirou o tema do plenário virtual e pediu que o recurso fosse levado ao plenário convencional.

Por TV Globo — Brasília
Com Politibola