Espionagem, luxo, viagens, jogos de poder, tudo com dinheiro da Igreja: trata-se de uma avalanche de revelações que a imprensa italiana publica diariamente sobre a rede que criou um rombo de 500 milhões de euros nas finanças do Vaticano.

Desta vez, chama atenção uma italiana a quem o cardeal Angelo Becciu confiou meio milhão de euros para a aquisição de artigos de luxo.

Segundo os jornais italianos “Domani” e “Corriere della Sera”, Becciu, quando era substituto para a Secretaria de Estado (2011-2018), entregou entre 500 mil e 600 mil euros a Cecilia Marogna, natural da Sardenha, região natal do cardeal, por meio de um empresa com sede na Eslovênia e oficialmente especializada em segurança e relações internacionais.

Segundo a imprensa, esse dinheiro teria se convertido em bolsas, sapatos e acessórios de luxo para a mulher de 39 anos.

Marogna, no entanto, disse à imprensa nesta quarta-feira (7) que os recursos foram usados para pagar a libertação de padres e freiras sequestrados na África ou na Ásia por meio de operações secretas.

A jovem recebeu esses recursos por decisão do cardeal, quando ocupava o cargo de substituto do secretário de Estado, no topo da hierarquia vaticana.

“Não roubei um euro”, “não sou amante do cardeal Becciu”, disse ela ao jornal “Domani” e ao “Corriere”.

Escândalo envolvendo cardeal no Vaticano

Escândalo envolvendo cardeal no Vaticano

A mulher se apresentou como “uma analista política e especialista em inteligência” que construiu uma rede de relações na África e no Oriente Médio e, portanto, foi encarregada de proteger as nunciaturas e missões da Igreja nessas regiões.

Vários veículos receberam um envelope anônimo contendo as contas da empresa, incluindo o programa de investigação televisivo “Le Iene”, que viajou para Ljubljana.

Segundo o documento, foram gastos cerca de 200 mil euros na compra de produtos de luxo. Somente ao item “Chanel” estavam designados cerca de 8.000 euros.

“Depois de tanto trabalho, acho que tenho o direito de comprar uma poltrona”, protestou Marogna, que se diz vítima das complexas intrigas do Vaticano.

Por France Presse
Com Politibola