O número de estudantes, auto-empreendedores, trabalhadores sazonais e autônomos que buscam a proteção de programas sociais do Estado como o RSA, um complemento de renda mensal indica o agravamento da pobreza na França.

As estatísticas também mostram um aumento da demanda da população por distribuição gratuita de alimentos e ajuda para solucionar dívidas de aluguel.

O dado de 1 milhão de “novos pobres” vem somar-se aos 9,3 milhões que já viviam abaixo da linha da pobreza, ou seja, 14,8% da população que conta com menos de € 1.063 por mês, cerca de R$ 6.980, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Estatísticas (Insee), de 2018.

Na última sexta-feira (2), dez representantes de associações humanitárias, como a Fundação Abbé Pierre, Médicos do Mundo, Secours Catholique, ATD Quarto Mundo e Emmaus, estiveram com o primeiro-ministro francês, Jean Castex, para pedir uma elevação dos principais benefícios sociais do Estado.

Diante do agravamento da pobreza entre os jovens, as organizações também pediram que o RSA (Renda de Solidariedade para Ativos) fosse concedida aos menores de 18 anos.

O presidente do coletivo Alerta, Christophe Devys, relata ao “Le Monde” que o primeiro-ministro ouviu atentamente o relato das ONGs, e que Castex é uma pessoa “sensível à situação de precariedade” dos mais pobres, mas as associações deixaram a reunião decepcionadas e impacientes pela ausência de respostas rápidas das autoridades.

Os representantes das ONGs têm um novo encontro com o premiê em 17 de outubro, data em que a França celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Pobreza. A expectativa é de que, até lá, o governo se dê conta da gravidade da situação e anuncie novas medidas.

Segundo a Federação dos Atores da Solidariedade, que cobre todo o território francês, esse número de 1 milhão de pobres adicionais é uma estimativa baixa. O Banco da França projeta uma taxa de desemprego acima de 10% em 2020 e de 11% no primeiro semestre do ano que vem.

O principal indicador da crise é a explosão de pessoas que requerem ajuda alimentar: mais 30% desde março. A Federação Francesa de Bancos Alimentares, que distribui suprimentos em 5.400 estruturas de amparo social, registra uma alta de 25% na distribuição de alimentos. A entidade já recorre aos estoques de longa duração devido à pressão contínua da demanda.

Os números do Ministério da Saúde confirmam essa alta. No início de setembro, 8 milhões de pessoas recebiam o benefício alimentar do Estado, contra 5,5 milhões de cadastrados em 2019.

Por RFI
Com Politibola