Profissional da saúde coleta amostra para teste de Covid-19, em Paris, na França, em foto de 2 de setembro — Foto: Christian Hartmann/Reuters
O número de estudantes, auto-empreendedores, trabalhadores sazonais e autônomos que buscam a proteção de programas sociais do Estado como o RSA, um complemento de renda mensal indica o agravamento da pobreza na França.
As associações de caridade francesas estão alarmadas com as consequências econômicas da crise causada pelo novo coronavírus. Segundo uma reportagem do jornal “Le Monde”, um milhão de pessoas caíram na pobreza desde o início da epidemia na França.
O número de estudantes, auto-empreendedores, trabalhadores sazonais e autônomos que buscam a proteção de programas sociais do Estado como o RSA, um complemento de renda mensal indica o agravamento da pobreza na França.
As estatísticas também mostram um aumento da demanda da população por distribuição gratuita de alimentos e ajuda para solucionar dívidas de aluguel.
O dado de 1 milhão de “novos pobres” vem somar-se aos 9,3 milhões que já viviam abaixo da linha da pobreza, ou seja, 14,8% da população que conta com menos de € 1.063 por mês, cerca de R$ 6.980, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Estatísticas (Insee), de 2018.
Na última sexta-feira (2), dez representantes de associações humanitárias, como a Fundação Abbé Pierre, Médicos do Mundo, Secours Catholique, ATD Quarto Mundo e Emmaus, estiveram com o primeiro-ministro francês, Jean Castex, para pedir uma elevação dos principais benefícios sociais do Estado.
Diante do agravamento da pobreza entre os jovens, as organizações também pediram que o RSA (Renda de Solidariedade para Ativos) fosse concedida aos menores de 18 anos.
Associações esperam novas medidas
O presidente do coletivo Alerta, Christophe Devys, relata ao “Le Monde” que o primeiro-ministro ouviu atentamente o relato das ONGs, e que Castex é uma pessoa “sensível à situação de precariedade” dos mais pobres, mas as associações deixaram a reunião decepcionadas e impacientes pela ausência de respostas rápidas das autoridades.
Os representantes das ONGs têm um novo encontro com o premiê em 17 de outubro, data em que a França celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Pobreza. A expectativa é de que, até lá, o governo se dê conta da gravidade da situação e anuncie novas medidas.
Segundo a Federação dos Atores da Solidariedade, que cobre todo o território francês, esse número de 1 milhão de pobres adicionais é uma estimativa baixa. O Banco da França projeta uma taxa de desemprego acima de 10% em 2020 e de 11% no primeiro semestre do ano que vem.
O principal indicador da crise é a explosão de pessoas que requerem ajuda alimentar: mais 30% desde março. A Federação Francesa de Bancos Alimentares, que distribui suprimentos em 5.400 estruturas de amparo social, registra uma alta de 25% na distribuição de alimentos. A entidade já recorre aos estoques de longa duração devido à pressão contínua da demanda.
Os números do Ministério da Saúde confirmam essa alta. No início de setembro, 8 milhões de pessoas recebiam o benefício alimentar do Estado, contra 5,5 milhões de cadastrados em 2019.
Por RFI
Com Politibola