Com fogos de artifício, bandeiras e a esperança em um novo começo, dezenas de milhares de chilenos festejaram nas ruas o resultados do histórico plebiscito realizado no domingo (25).

Uma esmagadora maioria de quase 80% dos eleitores votaram no “aprovo”, que permitirá a substituição da Constituição herdada da ditadura comandada por Augusto Pinochet.

Mas em cinco dos 346 distritos do país, o sentimento predominante depois do domingo não deve ter sido de alegria, já que neles — VitacuraLas Condes e Lo Barnechea, todas na região metropolitana de Santiago; Colchane (Tarapacá) e La Antártica (Magallanes) — a maioria dos eleitores votou para manter o status quo.

Mas o que os cinco distritos onde o “rejeito” venceu têm em comum?

“Dos cinco, dois são muito particulares”, explica Carmen Le Foulon, pesquisadora do Centro de Estudos Políticos, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

“A Antártica é uma base científica [com a presença do exército] e o número de votos é muito pequeno: votaram 31 pessoas. Já Colchane faz fronteira com a Bolívia e também é pequena (teve 505 votos)”, diz Le Foulon.

Riqueza e educação

Fumaça encobre Santiago, no Chile, em foto de 2018. Foto mostra bairros mais ricos da capital chilena — Foto: Pablo Sanhueza / Reuters

Fumaça encobre Santiago, no Chile, em foto de 2018. Foto mostra bairros mais ricos da capital chilena — Foto: Pablo Sanhueza / Reuters

Para começar, Las Condes, Vitacura e Lo Barnechea pertencem à região metropolitana de Santiago, a capital chilena.

As três concentram mais de 400.000 habitantes (de um total de 7,1 milhões em toda a região e 18,7 milhões no país) e estão localizadas lado a lado, no nordeste da cidade.

Mas não é só isso.

“Elas são as que concentram a maior riqueza e o maior nível educacional”, diz Rodrigo Pérez Silva, professor assistente da Universidad Mayor e pesquisador em economia urbana.

“Essa votação reflete essa divisão. Não só que 80% do país é a favor de fazer mudanças e há uma parcela de 20% que resiste, mas além disso: esse voto contrário está superconcentrado em uma única parte do país, em três comunas da região metropolitana onde estão o poder político e econômico. Onde estão as elites.”

Politibola com infomações da BBC News Mundo