Last updated on outubro 12th, 2020 at 11:16 pm

Durante um jantar convocado por parlamentares, com guisado de bode no cardápio, ambos defenderam a pacificação e a continuidade da agenda de reformas.

“Na minha última eleição [para presidência da Câmara], a única pessoa do governo que me apoiou foi o ministro Paulo Guedes. Nos dias seguintes à presidência, por divergências, por erros — e assumo os meus —, nós fomos nos afastando e, agora, na pandemia, mais ainda. Até na semana passada, deixo o meu pedido de desculpas, fui indelicado e grosseiro. Não é do meu feitio, ao contrário”, declarou Maia.

“Eu nunca ofendi o presidente Rodrigo Maia. Isso não é ofensa pessoal, foi uma troca de opiniões. O presidente Rodrigo Maia falou: ‘Olha, você está atrasando a reforma tributária’. E eu: ‘Olha, e as privatizações aí?’ Isso são trocas de opinião. Não tem ofensa. Agora, eu, caso eu tenha ofendido o presidente Rodrigo Maia ou qualquer político que eu possa ter ofendido inadvertidamente, eu peço desculpas também. Não é um problema”, declarou Guedes em seguida.

Enquanto Maia pediu desculpas espontaneamente, a fala de Guedes foi motivada pela pergunta de um jornalista ao fim dos pronunciamentos – quando o presidente da Câmara já havia deixado o local.

“[Eu] Disse ao ministro e a todos os presentes que a situação fiscal do Brasil, pela pandemia e não pelas circunstâncias do governo Bolsonaro, era uma situação muito dramática. E que nós tínhamos que estar unidos dentro do teto de gastos para encontrar as soluções. As soluções para o programa de transferência de renda, que precisa ser criado, com todas as dificuldades que teremos”, disse Maia.

“Do ponto de vista técnico, tudo isso tá elaborado, não tem nada novo. A renda básica, a renda cidadania, a renda Brasil, ela é inclusive bastante diferente do auxílio emergencial. O auxílio emergencial é para pessoas, é direto, é em caso de emergência. O Renda Brasil é muito mais estruturado, ele consolida 27 programas sociais”, declarou Guedes.

“Fez parte da nossa campanha. Já estava pronto lá. Então essas coisas estão basicamente prontas, mas quem dá o ‘timing’ das reformas é sempre a política. Quando a pandemia nos atingiu, ela atrasou a nossa pauta. E criou todos esses desconfortos, desentendimentos”, prosseguiu.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também participou do jantar, embora não estivesse envolvido no desgaste entre Maia e Guedes. Segundo ele, a reaproximação foi “fundamental”.

“Esse gesto de reaproximação foi fundamental para que a gente possa, a partir de amanhã, virar um página nessa construção que é coletiva. Cada um assumindo sua responsabilidade, dentro do papel institucional, de forma republicana e democrática. Essa reunião de hoje marca um novo iniciar dessa relação, com franqueza, com honestidade, com divergência, que é natural da vida pública as divergências, mas sempre respeitando, dialogando, para construir os consensos, porque, se nós levantarmos os dissensos, a gente não consegue construir os consensos”, declarou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Jantar de pacificação

O jantar, articulado por parlamentares, aconteceu na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Maia chegou acompanhado do líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

Também participaram do encontro o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos – que chegou ao lado de Guedes –, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM) e os ministros do TCU José Múcio e Vital do Rêgo.

Guedes e Maia vinham protagonizando embates públicos nas últimas semanas. O mais recente ocorreu na última quarta-feira (30), quando o presidente da Câmara chamou o ministro da Economia de “desequilibrado”.

Maia estaria reagindo a uma declaração anterior de Guedes, que acusou o presidente da Câmara de “se aliar à esquerda” e emperrar a agenda de privatizações do governo Jair Bolsonaro. Apesar das críticas em público, Maia e Guedes aceitaram se reunir nesta segunda.

Por  G1 e TV Globo — Brasília
Com Politibola