Delegado contestou a versão dos fatos apresentada pelos advogados envolvidos na confusão e disse que foi agredido por manifestantes da OAB-PB.
O delegado Afrânio Doglia Brito Filho, que foi apontado como responsável por ameaçar um advogado e agredir outros na Central de Polícia de João Pessoa, afirmou que os fatos não ocorreram como os advogados estão relatando. Em entrevista ao ClickPB, ele negou ter ameaçado o advogado Felipe Leite e afirmou que foi agredido por advogados da OAB-PB, junto com mais dois agentes da Polícia Civil, que ficaram bastante feridos.
De acordo com Afrânio, o advogado Felipe Leite não foi impedido de participar da oitiva de cliente presa em flagrante, como foi afirmado. O que ocorreu, segundo o delegado, foi que o advogado discordou da forma que a delegada Viviane Magalhães procedeu a autuação, querendo uma situação mais favorável para a sua cliente. ”Ele começou a dizer que a delegada estava errada, que ela não estudou, então ele pediu que ele fosse retirado da sala até chegar a vez da cliente dele depor”, disse.
Afrânio garantiu que o advogado participou da oitiva e, inclusive assinou toda a documentação, apesar de ter se exaltado e até agredido a delegada Viviane Magalhães. ”Ele é jovem, só tem dois três meses de OAB, acho que pela imaturidade ele errou”, comentou. ele nega que tenha telefonado para o advogado para fazer ameaças. ”Eu sou delegado há 15 anos. Você acha que eu ia ligar para ameaçar alguém por causa de uma coisa corriqueira da profissão que aconteceu com a minha esposa?”, disse.
O delegado afirmou que o vídeo que circula na internet, na qual Viviane Magalhães aprece xingando o advogado, foi feito no momento em que a delegada perdeu a paciência por conta das agressões sofridas. ”Por que não posta o vídeo todo? Aparece só a parte que interessa pra eles”.
No dia seguinte ao ocorrido, na sexta-feira (25), o delegado contou que estava de plantão quando cerca de 40 advogados apareceram na Central de Polícia para protestar. ”Acho ótimo, faz parte do processo democrático”, ressaltou o delegado, que explicou, porém, que o protesto não poderia ocorrer em salas privativas dentro da Central.
Ele contou que viu um agente argumentando com os advogados que eles não poderiam entrar em uma determinada área. O agente então teria sido empurrado por um advogado com o antebraço. Ao ver a cena, o delegado deu ordem de prisão ao advogado por desacato, já que o empurrão com o antebraço não se classificaria como lesão corporal. Nesse momento ele conta que levou uma cotovelada no pescoço e tanto ele, quanto os agentes tiveram que ”reagir com a força proporcional” para conter os manifestantes. Três foram presos. Segundo o delegado, um dos agentes machucou o braço e outro, de quase 60 anos, levou um chute no quadril.
Por fim, o delegado disse estar tranquilo diante das acusações sofridas, pois tem provas de que todas as ações foram realizadas dentro da lei. Ele destacou que a prisão dos advogados foi realizada por outra delegada, já que ele figurava como vítima, e teve como testemunhas dois outros advogados, de fora do protesto, e um repórter policial que trabalhavam na Central e presenciaram a situação.