Last updated on setembro 28th, 2020 at 08:23 pm

O crime aconteceu na sexta-feira (25) no apartamento do casal e, desde então, ele era ativamente procurado pela polícia francesa. Os dois filhos do casal, de 2 e 4 anos, estão sob proteção da Justiça francesa de menores.

Os brasileiros moravam em Paiçandu, no Paraná, antes de se mudar para a França. O provável feminicídio aconteceu no apartamento onde eles residiam em Champigny-sur-Marne, município da grande região metropolitana de Paris.

O prefeito da cidade, Laurent Jeanne, declarou ao jornal Le Parisien que desconhecia o casal e que sua principal preocupação, quando soube do crime na noite de sexta-feira, foi com o destino dos dois meninos menores de idade.

“Inicialmente, acreditamos que o pai tinha sequestrado as crianças e ficamos com muito medo”, declarou o prefeito, aliviado por saber que os meninos foram localizados sãos e salvos na casa do patrão de Rodrigo Martin, a 700 metros do local do crime. “Esta é a única coisa positiva neste caso”, lamentou o prefeito.

Quatro dias antes da agressão fatal, Fran, como era chamada pelos amigos nas redes sociais, compartilhou uma mensagem premonitória: “Não se case com a morte – não adote um barbado. Se relacionar com alguém que só te faz sofrer é se entregar à morte e esperar que ela não vá acontecer.”

No perfil de Martin no Facebook, sob uma foto antiga do casal tendo a Torre Eiffel ao fundo, um conhecido escreveu: “Oia esse machão aí sim meu jovem felicidades aí pra vcs.”

O que se sabe sobre o crime

Na sexta-feira, a polícia francesa foi acionada por uma vizinha do casal para ir até o apartamento onde a família brasileira morava em um imóvel de três andares no centro de Champigny-sur-Marne, próximo da sede da prefeitura. Mais cedo, ela tinha ouvido uma discussão no apartamento do casal. Minutos depois, Martin tocou a campainha e pediu que ela chamasse a polícia. O paranaense deixou o prédio levando os dois filhos.

Em seguida, ele percorreu 700 metros até a casa do patrão, um pequeno empreiteiro da construção civil, onde deixou as crianças antes de fugir. A fuga, no entanto, durou apenas 24 horas, porque o suspeito se entregou espontaneamente à polícia.

Os investigadores tratam o caso como um provável feminicídio em decorrência do depoimento da sobrinha do companheiro. Ela chegou ao apartamento durante a intervenção da polícia, porque o casal havia pedido que ela viesse cuidar dos filhos.

Os dois garotinhos foram encaminhados para os serviços de assistência social do Estado. O prefeito de Champigny disse ao jornal Le Parisien que vai acompanhar o caso e que o município vai colaborar com a Justiça.

Em grupos do Facebook de brasileiros em Paris a consternação é imensa. Mulheres trocam mensagens lamentando o destino de Fran. Muitas se questionam por que ela não pediu ajuda se sentia estar sob ameaça de morte por parte de seu companheiro. O Ministério Público abriu uma investigação por homicídio doloso.

Em 2019, 146 mulheres foram vítimas de feminicídio na França, segundo dados oficiais. Desde o início do ano, a agência AFP já contabiliza 49 assassinatos de mulheres por seus maridos ou ex-companheiros em todo o país.

Por RFI
Reprodução: Politibila