Last updated on dezembro 28th, 2020 at 03:46 pm
Relação entre os dois presidentes, que era boa, se deteriorou durante a crise na ex-república soviética. Líder russo, porém, voltou a demonstrar apoio ao vizinho, em recado claro à União Europeia e à Otan.
Polícia bloqueia manifestantes conta Lukashenko que protestavam em frente a igreja em Minsk, capital de Belarus, nesta quinta-feira (27) — Foto: Dasha Sapranetskaya/AP Photo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (27) que está pronto para enviar policiais russos a Belarus para conter os protestos que pedem a queda de Alexander Lukashenko, reeleito em votação cercada de acusações de fraude.
Em entrevista à televisão estatal russa, Putin disse que Lukashenko lhe pediu ajuda. Entretanto, os dois concordaram que “não havia necessidade naquele momento”.
Ativista de oposição a Lukashenko, Nina Baginskaya, de 73 anos, entra em confronto com policiais em Minsk, capital de Belarus, em manifestação na quarta-feira (26) — Foto: Dmitri Lovetsky/AP Photo
“Concordamos em não convocar essa força até que a situação comece a sair do controle e elementos extremistas que agem sob a cobertura de slogans políticos cruzem certas fronteiras e se engajem em banditismo, queimando carros, casas, bancos ou invadindo prédios públicos”, disse Putin.
Alexander Lukashenko abraça Vladimir Putin em encontro em Minsk, capital de Belarus, em novembro de 2017 — Foto: Tatyana Zenkovich, Pool Photo via AP
A Rússia vê Belarus como um território crucial contra a expansão do Ocidente e como um ponto de passagem importante para as exportações russas, especialmente no setor energético.
Os dois países têm acordos que garantem laços políticos econômicos e militares fortes, e Lukashenko se apoia na compra de energia barata do país vizinho e outros subsídios para manter a economia, que ainda segue parâmetros dos tempos de União Soviética.
No entanto, a relação entre os dois países se deteriorou após desentendimentos sobre a abertura dos bielorrussos ao ocidente. Belarus, inclusive, prendeu 32 militares russos acusados de planejarem protestos. A Rússia, porém, preferiu atribuir a piora na relação a provocações de “agentes espiões” da Ucrânia e dos Estados Unidos.
Novos confrontos
Polícia de choque bloqueia manifestantes na Praça da Independência, em Minsk, capital de Belarus, nesta quinta (27) — Foto: Dasha Sapranetskaya/AP Photo
Também de acordo com a AP, a polícia deteve jornalistas — inclusive da própria agência.
A onda de protestos começou há três semanas, quando Lukashenko se proclamou vitorioso com 80% dos votos em eleições cercadas de denúncias de fraude. Manifestantes pedem novo pleito e apoiam a oposicionista, Svetlana Tikhanovskaya, que precisou se refugiar na Lituânia por temor de perseguição.
Os indícios de fraude e a repressão violenta aos manifestantes gerou reações da União Europeia, que impôs sanções e se colocou ao lado dos oposicionistas — ato que irritou Putin, na vizinha Rússia.
Por G1